Café e blefaroespasmo
Os consumidores moderados de café parecem estar menos sujeitos a desenvolver um espasmo involuntário nos olhos (blefaroespasmo primário). Esta doença pode deixar um indivíduo efetivamente cego, uma vez que, em estado extremo, as pálpebras se podem fechar durante horas. A associação inversa verificou-se em pacientes que ingeriam pelo menos uma a duas doses de café diárias, aumentando este efeito com a dose de café ingerida. A idade em que os espasmos se iniciaram também foi mais avançada nos pacientes que consumiam mais café (1,7 anos por cada dose adicional diária). Assim, apesar do consumo de café não curar a doença, pode atrasar o seu desenvolvimento. Não é recomendado, no entanto, que indivíduos que padeçam desta doença aumentem o consumo de café com o intuito de a tratar. Os investigadores consideram que a cafeína deverá ser o composto responsável por este efeito, já que se ligando a receptores localizados nos gânglios basais, pode desempenhar um papel chave no controlo do movimento.
Café e ossos
O consumo de café/cafeína foi associado, em alguns estudos, a um ligeiro efeito negativo sobre o balanço de cálcio, equivalente a uma perda de 4 mg de cálcio por xícara de café consumida. Numa fase de estudos iniciais, verificou-se que a ingestão de cafeína induzia significativamente uma diurese aguda de cálcio.Entretanto estudos subsequentes demonstraram que esse aumento agudo era seguido por uma diminuição da excreção urinária de cálcio,não tendo sido encontrada qualquer influência, por parte da cafeína ingerida, no cálcio eliminado durante 24 h, quer por via urinária, quer por via fecal endógena. Relativamente às dezenas de estudos observacionais realizados com o intuito de verificar a associação entre o consumo de café/cafeína ao índice de massa óssea e/ou risco de fratura óssea, os seus resultados não são consistentes ou conclusivos. No entanto, é sugerido que, especialmente os adultos de idade mais avançada, assegurem um consumo adequado de cálcio e vitamina D e consumam café até doses moderadas.
Café e esporte
Nos últimos anos, a cafeína tem sido alvo de inúmeros estudos envolvendo práticas desportivas de resistência como o ciclismo, o atletismo e a natação. No futebol, por exemplo, considera-se que a cafeína aumenta o desempenho, melhora o tempo de reação, atenção mental e processamento visual.
E para os atletas, tanto profissionais, como aqueles de fim de semana, o café ajuda a ter mais pique para correr, pular, saltar, nadar, estimulando a ação dos músculos durante exercício prolongado, que passam a utilizar a gordura como fonte de energia em vez de açúcares encontrados nos carboidratos, reduz a sensação de fadiga melhorando o rendimento físico. Estudos mais recentes demonstram também um aumento da força muscular, já que retarda a fadiga muscular, possibilitando um maior grau de carga e repetições de execução do exercício após a ingestão de cafeína.
Pesquisas recentes apontam a cafeína como um importante agente modulador do desempenho em vários tipos de atividade física, e para que o café promova seu efeito deve ser consumido moderadamente na dosagem mínima de quatro xícaras de café ao dia. Além de potencializar a performance durante os exercícios, pois atua como estimulante do sistema nervoso, a cafeína aumenta a tensão dos músculos e ajuda na mobilização de substratos de energia para o trabalho muscular.
Corredores de maratona e atletas de outras formas de exercício intenso aumentam os níveis de endorfina no cérebro, criando uma forma de auto-gratificação interna (“self-reward”). Isto faz com que o atleta treinado siga adiante ao atingir um ponto máximo de cansaço, que leva todas as pessoas sem treinamento a pararem por fadiga. Caso os atletas tomassem café diariamente durante os treinos, é possível imaginar que os ácidos clorogênicos do café bloqueariam os receptores que são estimulados pelas endorfinas, peptídeos opióides cerebrais. Isto faria com que os neurônios do cérebro aumentassem sua descarga de endorfinas para trazer o estímulo necessário para o atleta prosseguir, atingindo a auto-gratificação num nível mais alto.
A cafeína estimula o cérebro aumentando o estado de estar alerta, o funcionamento do coração, poupa a glicose do músculo esquelético (quanto mais glicose no músculo mais longe ele fica da fadiga) e aumenta/facilita a quantidade de cálcio dentro do músculo. O músculo vira um super músculo e a pessoa não tem sono ou cansaço. Por isso que é tão bom para a prática desportiva.
Os efeitos da cafeína podem variar de pessoa pra pessoa, oscilando de acordo com o peso e a regularidade que é consumida. Sua ação no organismo atinge o pico cerca de 15 a 120 minutos após a ingestão, podendo causar tolerância,ou seja, progressivamente maiores doses de cafeína deverão ser ingeridas para que se possa atingir o mesmo efeito.